A Imprensa do Historiador da Igreja lançou um novo volume dos Joseph Smith Papers que inclui fotografias a cores e transcrições codificadas por cores do manuscrito mais antigo do Livro de Mórmon. Este é o primeiro registo fotográfico completo do que resta do manuscrito original.
O novo livro intitula-se os “The Joseph Smith Papers: Revelações e Traduções, 5º Volume: Manuscrito Original do Livro de Mórmon”. Este é o último volume da série “Revelações e Traduções”. É o 23º volume, num total de 26, do Projeto Joseph Smith Papers, que estará concluído na primavera de 2023.
Mensagem de Agradecimento do Presidente Nelson
Na tarde de terça-feira, dia 25 de janeiro de 2022, no Edifício da Administração da Igreja na Praça do Templo, o Presidente Russell M. Nelson agradeceu àqueles que ajudaram a tornar este volume possível. Isso incluiu os coeditores Royal Skousen e Robin Scott Jensen, bem como Gail Miller e o seu falecido marido Larry H. Miller e seu atual marido, Kim Wilson, por ajudarem a financiar o Projeto Joseph Smith Papers.
“É uma experiência profundamente comovente olhar para estas páginas [do manuscrito] e ver a mão de Deus a levar a Sua obra adiante”. — Presidente Nelson
Embora cada volume do Projeto Joseph Smith Papers “seja de grande importância”, disse o Presidente Nelson, os livros da série “Revelações e Traduções” são únicos. “Estas revelações e traduções estavam no centro da missão profética de Joseph Smith. Estes textos são vitais para a Restauração do evangelho”.
O 5º volume, disse o profeta, “toca profundamente o meu coração. A partir dele, aprecio mais plenamente o dom e o poder de Deus que permitiram que Joseph Smith o traduzisse”.
O presidente Nelson disse que o manuscrito original do Livro de Mórmon é um dos artefactos mais significativos e sagrados que a Igreja possui.
“Os historiadores da igreja tiveram muito cuidado – ao longo de mais dum século – para reunir até os fragmentos mais minúsculos do manuscrito e preservá-los de danos adicionais”, explicou. “Com este novo volume agora disponível, qualquer pessoa pode ver o que resta daquele manuscrito e como cada pedacinho se encaixa no todo. Para mim, é inspirador saber que estas páginas com imagens do texto original do Livro de Mórmon estão agora disponíveis a todos. É uma experiência profundamente comovente olhar para estas páginas e ver a mão de Deus a levar a Sua obra adiante”.
“Em nome da liderança da Igreja e dos seus muitos membros”, concluiu o presidente Nelson, “expresso os nossos mais sinceros agradecimentos e sincera gratidão por este recente acréscimo ao Projeto Joseph Smith Papers”.
Gail disse que o envolvimento da sua família com os The Joseph Smith Papers aconteceu “por pura inspiração, ao ouvir essa inspiração e agir de acordo com ela”.
Após a morte de Larry, em 2009, Gail disse que havia alguma preocupação na continuidade do apoio do projeto. Os Estados Unidos estavam em recessão. As finanças estavam apertadas. Tinham de ser sábios com os seus recursos. O seu filho, Greg, administrava os negócios deles. “Ele disse: ‘Tenho de reduzir. Tenho de reduzir o inventário, tenho de reduzir o número de pessoas, tenho de reduzir as despesas'. E eu respondi-lhe: ‘Acho que estás certo. Mas a única coisa que não podemos parar de fazer é dar’. E continuamos a apoiar o Projeto The Joseph Smith Papers”.
“Eu sei que este é um trabalho divino”, continuou ela. “Sei que é um trabalho importante – quase crítico – para a Igreja, para as pessoas irem ao trabalho dos The Joseph Smith Papers e obterem a verdade. A história do homem fala por si. É o alicerce desta Igreja. Adoramos a Deus, o Pai, e a Jesus Cristo. Joseph Smith fortalece isso. Ele sabia do que se tratava. Ele sabia que estava a ser ensinado do alto. E, através deste trabalho, o mundo também saberá”.
Skousen disse que este novo volume pode ser o volume de referência dos The Joseph Smith Papers.
“[Este novo livro] fornece a melhor visão possível que temos, embora indireta, de Joseph Smith, o vidente, a traduzir o Livro de Mórmon”, disse Skousen. “Este manuscrito fornece apoio importante para o que as testemunhas da tradução alegaram: que Joseph ditou, palavra por palavra, um texto em inglês que apareceu no seu instrumento de tradução. E que, quando necessário, ele podia soletrar os nomes. Esta foi realmente uma obra maravilhosa e um assombro”.
“Com o manuscrito original do Livro de Mórmon, temos o artefacto que estava sobre a mesa e que estava a ser escrito por Oliver Cowdery ou John Whitmer [ou outros, conforme Joseph ditou o texto]”. — Robin Scott Jensen
Jensen disse que ler o manuscrito original do Livro de Mórmon é como examinar os escritos originais dos Evangelhos ou as cartas de Paulo, mas com uma grande diferença.
“Não há nenhuma cópia sobrevivente da primeira versão” desses textos bíblicos, disse ele. “Geralmente temos cópias de segunda, terceira [ou] quarta geração. Não há versão ditada. Com o manuscrito original do Livro de Mórmon, temos o artefacto que estava sobre a mesa e que estava a ser escrito por Oliver Cowdery ou John Whitmer [ou outros, à medida que Joseph ditava o texto]. Este é o documento mais próximo possível dessa experiência milagrosa. Este manuscrito é o produto dessa tradução divina”.
A História do Manuscrito
O manuscrito original do Livro de Mórmon (do qual apenas 28% sobreviveu) é um dos artefactos mais importantes e sagrados que a Igreja de Jesus Cristo possui. Foi produzido por Oliver Cowdery e alguns outros escribas enquanto Joseph Smith ditava a tradução pelo dom e poder de Deus, entre abril e junho de 1829.
O manuscrito permaneceu na posse de Joseph Smith até 1841, quando os santos dos últimos dias em Nauvoo, Illinois, começaram a construir um templo (para adoração) e a Casa de Nauvoo (para receber desconhecidos). Joseph colocou o manuscrito original na pedra de esquina da Casa de Nauvoo.
Embora os primeiros santos pensassem que isso preservaria o manuscrito, aconteceu o oposto. Com o tempo, os documentos ficaram muito desbotados, obscurecidos ou danificados.
“Para ser correto, eles selaram a pedra de esquina e derramaram chumbo derretido ao redor das fissuras, então, sentiram que era uma preservação”, disse Jensen. “No entanto, isso não funcionou. (…) Se eu tivesse uma máquina do tempo, voltaria atrás e diria: 'Joseph, talvez seja melhor não fazer isso'”.
Quando o manuscrito foi extraído, 40 anos depois, por Lewis Bidamon (o segundo marido da esposa de Joseph, Emma), os documentos tinham-se deteriorado substancialmente. A água tinha-se infiltrado na cavidade oca da pedra. E, com o passar dos anos, Bidamon deu fragmentos do manuscrito a vários visitantes de Nauvoo.
Das quase 500 páginas colocadas na pedra de esquina da Casa de Nauvoo, partes de 232 páginas resistiram. Hoje, a Igreja possui a maioria desses fragmentos e folhas. Outros estão em mãos privadas. Os seus proprietários amavelmente permitiram que essas peças fossem fotografadas e incluídas neste volume.
“[A jornada que o manuscrito fez] é uma odisseia e tanto”, disse o Diretor de Publicações do Departamento de História da Igreja, Matthew McBride. “O manuscrito estava disperso. Agora estamos a fazer o que podemos para juntá-lo, apenas para reunir tudo e torná-lo um novamente. Isso é o que vão ver ao inspecionar o que fizemos com o livro”.
Imagem Multiespectral
Ao longo dos anos, a Igreja produziu vários conjuntos de fotografias do manuscrito. Em 1958, a Igreja fotografou o manuscrito a preto e branco antes deste ser conservado e antes que se deteriorasse ainda mais. Em 2017, o Departamento de História da Igreja usou imagens multiespectrais (MSI) para capturar melhor o texto desbotado nos fragmentos. As MSI conseguem-no fazer através de luz ultravioleta, infravermelha e visível.
Com o 5º volume, disse Jensen, os leitores podem “aceder melhor ao manuscrito do que se acedessem ao manuscrito original”. Isto acontece porque a tinta nalgumas dessas páginas é invisível a olho nu. “Estas imagens são um verdadeiro trunfo para este volume”.
Nalgumas páginas, observou Jensen, a imagem anterior a preto e branco é melhor do que a versão MSI. Um anexo demonstra ambas as versões de cada imagem.
Transcrições
As transcrições e anotações do 5º volume contam com anos de trabalho de Skousen como parte do Projeto de Texto Crítico do Livro de Mórmon. Este volume reproduz o texto original com base na análise do manuscrito no seu estado atual e imagens multiespectrais e fotografias históricas. A transcrição preserva todas as correções e revisões, quebras de linha e página, e o local de inserções interlineares. Como vários escribas escreveram revisões neste manuscrito, a caligrafia de cada um é traduzida numa cor diferente, para facilitar a análise. A apresentação abrangente e cuidadosa dá aos investigadores acesso ao texto sem precedentes.
Jensen e Skousen disseram que o texto do manuscrito original do Livro de Mórmon não está exatamente da forma que um santo dos últimos dias o encontra hoje na versão atual do Livro de Mórmon publicado pela Igreja de Jesus Cristo. Seja para efetuar correções de erros dos escribas, correções gramaticais ou mudanças estilísticas, adicionar versículos e cabeçalhos aos capítulos, ou incluir outras melhorias, os líderes da Igreja ajustaram o texto conforme necessário.
Mesmo assim, disse Skousen, o Livro de Mórmon de hoje é “bastante autêntico [e] fiel ao original. As mudanças que foram feitas não foram realmente drásticas. Pois, se olharmos para Doutrina e Convénios, o Livro de Mandamentos, nessa transição, várias das secções foram reescritas em parte e assim por diante. Não temos nada disso no Livro de Mórmon. Simplesmente não há esse tipo de edição”.
Jensen disse que as pequenas mudanças efetuadas ao texto, ao longo do tempo, podem ser vistas como um símbolo para as vastas escrituras da Igreja. “Estamos em constante mudança. Estamos constantemente a fazer ajustes com base nas necessidades dos membros”, disse ele. “O texto do Livro de Mórmon pode ser lido da mesma forma”.
‘Um tesouro espiritual’
“O Livro de Mórmon é esta grande revelação. … É um trabalho surpreendente”. — Royal Skousen
Embora vendo o evidente valor histórico do manuscrito original, McBride e Jensen disseram que o seu valor espiritual é incomparável.
Este novo volume dos The Joseph Smith Papers é a “experiência mais próxima que a maioria das pessoas terá de poder segurar nas suas mãos este artefacto realmente sagrado”, disse McBride. “É significativo para mim e para outros santos dos últimos dias como pessoas de fé, porque este é o texto do livro no qual baseamos a nossa fé e o nosso testemunho de Jesus Cristo”.
Jensen disse que o manuscrito é “um tesouro espiritual supremo”. Qualquer pessoa que tenha experimentado o poder das verdades espirituais do Livro de Mórmon, disse ele, “pode reconhecer que este [manuscrito] é algo especial”.
E para aqueles que não aceitam o texto como escritura, referiu Skousen que é importante para, pelo menos, dar crédito a Joseph pelo seu elevado volume de revelações.
“O Livro de Mórmon é, de longe, a maior revelação de Joseph Smith”, disse Skousen. “A Doutrina e Convénios não é um livro – é a junção de todas estas revelações separadas. (…) Nem mesmo a Bíblia se lhe compara. A Bíblia também não é um único trabalho. (…) O Livro de Mórmon é esta enorme, enorme revelação. (…) É um trabalho espantoso”.